há os que tem coisas prediletas e pessoas prediletas. árvores prediletas e flores prediletas. dizem que não é bom ter predileção, pois pode gerar ressentimentos e traição, assim como ocorreu com Israel e seu filho José, que o amava mais que todos os seus outros filhos (Gênesis 37-4). e há as kalanyiots, flores símbolo de Israel. aqui no norte elas começam a florescer, ainda que sutilmente, dividindo o ambiente aos pares: verde e vermelho. verde e roxo. como bailarinas, elas gostam de se mover para lá e para cá ao ritmo forte do vento de inverno. talvez por isso sejam também chamadas de “flor do vento”. seu centro é preto, um bulbo, como se pintadas com nanquim. mesmo com seus pólens secos, o som dos caças rumo ao sul do líbano, rasgando as nuvens e o céu azul, faz com que elas também sintam palpitações. mas elas os contrapõe com suas silhuetas em forma de caules altos que surgem em meio a uma densa névoa matinal, evocando a paisagem de um sonho japonês. elas também gostam dos jardins de pedra, essa paisagem árida do mediterrâneo envolta com árvores e flores coloridas. porque mesmo na guerra, as flores e as kalanyiots do norte e as mais distantes - as do sul - estão dispostas a florescer, cobertas de orvalho e dor. elas irão prevalecer nos escombros e espaços vazios das comunidades ao lado do que um dia foi a faixa de Gaza. se as plantas de Chernobyl sobreviveram à radiação, as kalanyiots irão sobreviver. hoje li um poema da Wislawa Szymborska, em que ela escreveu que preferia seguir gostando das pessoas do que amando a humanidade. há três meses abri os olhos e muito pouco de mim ficou.
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Kalanit, de seis pontas como a Estrela de David. Que elas possam socorrer e salvar vidas, assim como a Maguen David Adom (Estrela de David Vermelha, versão judaica e não antissemita, da cruz vermelha) o faz.
As flores vão acalentar os corações de todos em Israel sofrendo com a guerra e com a desumanidade que está acontecendo contra a comunidade judaica.